sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sobre o fim

Se acaba não sei
Mas toma conta de mim
Instinto de recomeço
Mesmo ao lutar contra o fim
Pra dar no que sei
Mas se estou certo vou ver
Pode ser bem mais que mereço
Ou até algo que já vivi

E o que importa, assim
É o processo, estou in!
E no fim pode até dar no mesmo
Talvez pra isso nasci

Mas se elimino o grotesco
Nasce até um príncipe aqui
Que sem eira e nem beira
Quer se queira ou não
To nem aí

sábado, 8 de dezembro de 2012

Quem será?

Quem será que há de vir pra me alegrar
Helena ou Heitor?
Eis a questão
Hei de saber pois irá se revelar
De forma plena, o amor
Em meu coração

Seja quem for
Grande ou pequena
A pessoinha
Muita luz há de trazer
E toda a dor
Como fosse uma pena
Voa e caminha
Para nunca mais volver

Quem será que há de vir pra me alegrar
Helena ou Heitor?
Não importa não
Quero saber só pra, então, me preparar
E com pena de condor
Escrever a certidão

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Gisele

Pelos caminhos da vida
Tudo muda de lugar
Temos que rapidamente
Ter o dom de adaptar
Ou entender que a trilha
Em sua imperfeição
Traz o que há pra que a gente
Posso ser melhor que então

Se o caminho nos leva
Onde não queremos ir
Resta só crer que as trevas
Nos farão evoluir

Com a certeza de que o dia
Está prestes a voltar
Rezo e sigo o caminho
Que até flores há de dar

Por isso canto e as flores hão de vir então

Gisele
Peço a Deus que toda a força que te fere
Se converta em luz divina e redenção
Pra que a vida te sorria em gratidão
À sua crença em tudo que é bom

Gisele
És tu, só, além de Deus, quem interfere
No poder de tamanha transformação
Mas que contes com a torcida de um irmão
Que a cada sorriso vibra de emoção

domingo, 25 de novembro de 2012

Inspiração

Eu diria que sonhar
Também é mover o dom
Como disse Djavan em cantar
Mas o sonho se move ao falar
Ao agir, ouvir o som
Assim como ao seu simples respirar

Ao saber se comportar
Dizer sim, talvez e não
Dissertou tal Trevisan em citar
Máximo era seu discreto afirmar
Contradição
Neste papo aqui, sequer tem lugar

Venha, inspire a todos com seu ser
Se permita ser pra inspirar
Mostre aos outros, então, que você
Não veio aqui só pra observar

E que se a vida perceber
Pode até protagonizar
A sua história que ao se ver
Faz a gente sorrir a até chorar

Deixa ser
Deixa estar

* Impressões após a participação do Djavan no programa Altas Horas em que nosso amigo Gustavo Mendes Miranda esteve presente!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Eu podia...

Eu podia estar roubando
Que isso não há coisa mais certa
Mas não
Ainda que desacreditando
Escrevo porque sou poeta

Eu podia estar matando
E causando pranto e dor
Mas não
Só trago comigo acalanto
E isso porque sou cantor
Eu podia estar condenando
Esse papo anti-trabalhista
Mas não
Quem sou eu pra julgar alguém
E entendo porque sou artista

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Soberano e santo

Samba
És a razão maior do meu canto, meu acalanto
Por encanto deixei me levares
A todo canto, muitos ares, mares, lugares
Que às vezes temi, por desconhecer
Me resumi a apelar pra você
E sabendo do que eras capaz
Pude ver que de todos os ais
Podias livrar-me, mais que de repente
E no batuque ou no samba canção
Pulsando a palma, qual meu coração
Batia a alforria em toda a gente

Soberano
Rodando assim como a saia da moça
Minha cabeça não para, gira e não pousa
Girando em rendas, fiz prendas pr'aquela
Que na ciranda, tamanha sequela
Como as que tu me deixaste, deixou
E ao meu samba, só amplificou
Hás de crer que em reverência me presto
A cada dia, meu carma, almagesto
Faz poesia em meu peito estourar
E minha luta vem apaziguar
Com a força de, mais que um mantra, canta

Santo que és
Faz-me fortaleza da cabeça aos pés
E me enraízas cada vez mais
Nessa terra de avós, meus ancestrais
Pois como de pais, sou filho de um país
Que se hoje é brilho, paz, povo feliz
Deve a ti, sempre que chora de tristeza
E tu dizes que ela é senhora e que a beleza
Que a natureza criou, está sorrindo
Para o povo que do abuso é advindo
E hoje abusa de toda a alegria
Que só tu, mais ninguém
Poderia nos proporcionar

Ao cantar, ao sambar, a sorrir
Eu pretendo e só posso levar minha vida
Porque o samba em mim há de estar
E a bonança comigo há de vir

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Amarelo

Tem dias que tudo se faz amarelo
Não sei se me remete o que é velho
Ou se imprime frescor noutros tons

Nas frias ocasiões em que isso acontece
Hora a cor mais que rejuvenesce
Hora o frio mais que emudece os sons

Não sei afirmar se é bom ou ruim
Se sei que isso faz eu me sentir assim
Envolvido em evidente sensação

Que, indefinida, só reforça o valor da vida
De quem vinha a deixando esquecida
Faz pulsar mais forte o coração


* No início do ano, presenciei alguns daqueles fins de tarde em que, de repente, geralmente após um chuva, tudo fica amarelado (Vide foto que tirei da porta do meu estúdio). Depois descobri que esses "dayellows" são muito comuns em Londres.

Numa dessas ocasiões, flagrei a amarelice, durante meu banho, pelo basculante e comecei a escrever alguns versos. Revisitando essas anotações, conclui minhas impressões.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Poema espelhado

Através do brilho intenso
De um ponto no céu escuro
Vejo que pra ser estrela
Ou planeta, no futuro
Devo me posicionar
De modo a iluminar
A quem possa atingir num raio
De alcance ainda que pequeno
Mas que, se de forma intensa
Torno então muito mais densa
A vida com a qual contraceno
À medida em que a distraio
Das pedras a machucar
No caminho a ainda trilhar
Ainda que longo e duro
Posso, eu, até convencê-la
Ao mesmo tempo em que mensuro
O valor de tudo o que penso

* À medida em que se torna difícil dormir, fica mais fácil escrever.
Assim como à medida em que esquenta o céu tem mais estrelas.
Tais circunstancias deram nisso!

Insoneto

Sonhei que nunca vivi
E nesse sonho percebi
Que nunca sonhei de verdade

Se o vivido era só sonho
Bateu-me um medo medonho
De que fosse só vaidade

Toda a história que criei
A beleza admirada
Podia, sequer, ser nada
Fruto da mente vazia

Que, se era mente de sonho
De mente não tinha nada
Evidentemente enganada
Mentia, não procedia

Mas eis que subitamente
De forma inesperada
Uma voz quase sussurrada
A mim de volta me trazia

Era a voz de minha amada
Que em beleza encarnada
Ao me ver com medo sorria

Sorria porque sabia
Que a vida nos era grata
Só por a pôr, frente a frente
Deste ente que ela flagrava

E demente, sorri, do nada
Fazendo, então, dela, a morada
Da certeza de que existia

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Aliterou-cê

O corpo é cabeça e coração
Quando queremos, cuidamos
E, cada qual, com o que lhe cabe
Consegue criar consciência
E coerentemente
Cuidadosamente
É que cadencia a carência
E corrói a crueldade
Corta cordas, correntes
E quase corriqueiramente
Caquético, mas confiante
Consegue conter o calor
Quando, quente, na queda
Se quebra o quebranto
Seu Karma se acalma, se cala
E se queimam em carnaval
As cobiças, as queixas, a cruz
Cabendo àquele coitado
A casa, a cor na aquarela
De quem conseguiu
Conquistar o céu como um arcanjo

segunda-feira, 26 de março de 2012

As canções que vô(cê) cantou pra mim

Grande cantor, que a todos encantava

Foste o "número um" dentre os grandes, pra mim
"Aula de matemática", teu cantar de forma enfática
Esclarecia equações nas canções que cantavas sem fim
Fosse chamando a "Marina" ou na "casinha pequenina"
Quando disse-me assim:

- "Nunca, nem que o mundo caia sobre mim"
Haverá de acabar a alegria que sinto com a poesia
Ainda que às vezes profana, nua
Num "sábado em Copacabana" ou noutras noites, pra semana
Em que me perco num "chão de estrelas"
O qual beijaria pra tê-las, notas mais claras
À luz da Lua que me segue, ainda que insana
Tal qual "a Deusa da minha rua"

Caminhemos, eu e minha "rosa", a música
"Estátua majestosa, óh alma perenal"
Numa "manhã de carnaval", de forma bela e dadivosa
"Dos almas e nel mundo a cantar"
Tenho certeza de que com ela estará
Assim como hás de voltar

Vá vasculhar nosso céu
Que eu sigo envolto em teu véu
Que almeja música e harmonia, encontros e emoções
Através das quais irei te encontrar
Seja num "fim de semana em Paquetá"
Ou em qualquer tarde fria
Em que a luz da cantada poesia
Junte as "palmas febris dos nossos corações"

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tempos difíceis

Hoje escrevo, por uma certa vergonha de ser brasileiro, uma receita pra lidar com esse sentimento. Tendo uma boa porção de revolta pelo massacre de Pinheirinhos, duas colheres de rancor ainda do episódio passado na USP, uma pitada de insatisfação com as nossas mídias e tristeza com a inércia e imobilidade social à gosto, embebendo tudo com muita esperança e resistência, talvez ainda se chegue a desfrutar de um Brasil melhor!

São tempos difíceis, os recentes
Que pedem luta e protesto
Pra que a nação possa, num gesto
Mostrar que tem tudo nas mãos

Vamos ensaiar um manifesto
E, nos fazendo mais presentes
Enfrentar chuvas e enchentes
Além da desocupação

Seja no sentido desumano
Em que um massacre abre o ano
Ou na desocupada ação
De tomar essa decisão
Que faz do povo quase nada

Tal como fizeram sem decência
Tomando à força a residência
Do taxista ou ambulante
Também fizeram o estudante
Perder a sua liberdade

Liberdade essa que tardia
Pois ainda que digam que não
Vivemos uma repressão
Escusa, que usa maquiagem

Retocada, sempre, dia a dia
Sê pela mídia, hoje vazia
Senão pelas notícias pagas
Que, cada vez mais, surpreendem
Não por conteúdo e sim pobreza
Pois no país da Globeleza
Já não se vê tão belos sambas

Pois em sua vez, o morro xinga
Ao invés de usar sua ginga
Para driblar os contratempos
Que podem ceder à poesia
E à força do povo que um dia
Já foi bem mais inteligente

Tem que se olhar bem mais pro lado
Tratar de ser mais preparado
Pra construir a nova gente
Que ao se munir de esperança
Vai promover grande mudança
E pôr nosso Brasil pra frente!