terça-feira, 12 de agosto de 2014

Naquela tarde de inverno

Naquela tarde de inverno
Eu pude sentir o vento
E senti de um jeito
Que já não sentia há muito tempo
Seria o uivar da morte
Ou seria um alento?
Acho que ambos, por sorte
Visto que o que havia dentro
De cada um de nós
Era a certeza de que, no intento
De nunca deixar-nos sós
Te acumulava o sofrimento

Sê como mãe, tia ou avó
Você era puro amor, carinho
Mesmo quando nos deixava
Num canto a chorar sozinhos
Noutro, de certo, a orar estava
Pra que aprendêssemos na dor
A seguir o melhor caminho
Ver belo o espinho da flor

E assim te deixamos ir
Concedemos sua alforria
Ainda que haja o pavor
De não mais te ver
Um dia?

Sabemos que todo o amor
Que construímos a cada gesto
Trará em cada memória
Sua presença pra bem perto
De certo, dessa maneira
Você nunca há de morrer
Pois quem planta o bem, semeia
O eterno bem querer