quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tempos difíceis

Hoje escrevo, por uma certa vergonha de ser brasileiro, uma receita pra lidar com esse sentimento. Tendo uma boa porção de revolta pelo massacre de Pinheirinhos, duas colheres de rancor ainda do episódio passado na USP, uma pitada de insatisfação com as nossas mídias e tristeza com a inércia e imobilidade social à gosto, embebendo tudo com muita esperança e resistência, talvez ainda se chegue a desfrutar de um Brasil melhor!

São tempos difíceis, os recentes
Que pedem luta e protesto
Pra que a nação possa, num gesto
Mostrar que tem tudo nas mãos

Vamos ensaiar um manifesto
E, nos fazendo mais presentes
Enfrentar chuvas e enchentes
Além da desocupação

Seja no sentido desumano
Em que um massacre abre o ano
Ou na desocupada ação
De tomar essa decisão
Que faz do povo quase nada

Tal como fizeram sem decência
Tomando à força a residência
Do taxista ou ambulante
Também fizeram o estudante
Perder a sua liberdade

Liberdade essa que tardia
Pois ainda que digam que não
Vivemos uma repressão
Escusa, que usa maquiagem

Retocada, sempre, dia a dia
Sê pela mídia, hoje vazia
Senão pelas notícias pagas
Que, cada vez mais, surpreendem
Não por conteúdo e sim pobreza
Pois no país da Globeleza
Já não se vê tão belos sambas

Pois em sua vez, o morro xinga
Ao invés de usar sua ginga
Para driblar os contratempos
Que podem ceder à poesia
E à força do povo que um dia
Já foi bem mais inteligente

Tem que se olhar bem mais pro lado
Tratar de ser mais preparado
Pra construir a nova gente
Que ao se munir de esperança
Vai promover grande mudança
E pôr nosso Brasil pra frente!