terça-feira, 23 de outubro de 2012

Insoneto

Sonhei que nunca vivi
E nesse sonho percebi
Que nunca sonhei de verdade

Se o vivido era só sonho
Bateu-me um medo medonho
De que fosse só vaidade

Toda a história que criei
A beleza admirada
Podia, sequer, ser nada
Fruto da mente vazia

Que, se era mente de sonho
De mente não tinha nada
Evidentemente enganada
Mentia, não procedia

Mas eis que subitamente
De forma inesperada
Uma voz quase sussurrada
A mim de volta me trazia

Era a voz de minha amada
Que em beleza encarnada
Ao me ver com medo sorria

Sorria porque sabia
Que a vida nos era grata
Só por a pôr, frente a frente
Deste ente que ela flagrava

E demente, sorri, do nada
Fazendo, então, dela, a morada
Da certeza de que existia

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