Eu também, senhor Pessoa
Nunca vi alguém que tivesse levado
Porrada da vida, pedrada na proa
Exposta a ferida
Que aflija, que doa
Só me chegam vencedores
Declarados campeões
Formados, doutores na arte do nada
Mas nada nos valhe seus culhões
Não tem vez pra dor de corno
Nem mesmo pra bossa dessa nossa fossa
Ou até na cama que é lugar quente
Sequer se ressente com seu tapa-olho
Cotovelo? Anestesia!
Não me pegue pelo braço!
Não é assim mesmo que o senhor dizia?
Também eu, um dia, não me rendo fácil
Não vou, eu, senhor Pessoa
Nem tristeza pura, pessoa sadia
Render-me à algo de tão falsa beleza
Quanto a ditadura da alegria
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