sábado, 15 de agosto de 2015

Renasço no samba

Chorar (chorar)
Sofrer (sofrer)
Não vai me levar a lugar nenhum
Se a vida eu levo a cantar
E o canto me faz renascer
Renasço no samba
Que pra mim é um lugar comum
Graças a Deus

Se um samba me faz
Relembrar
A dor do que passou
Não vem
Somente a certeza
De que fui feliz um dia
E se já fui
É porque eu sou
Capaz
Então serei
Hoje e amanhã
Também

Chorar (chorar)
Sofrer (sofrer)
Não vai me levar a lugar nenhum
Se a vida eu levo a cantar
E o canto me faz renascer
Renasço no samba
Que pra mim é um lugar comum
Graças a Deus

Se não encontro
Adiante
A paz
Ou tranquilidade pra
Seguir
Penduro no rosto
Um sorriso
E ele há de me servir
De abrigo
E nada de ruim
Vai me acontecer
E assim bem feliz
Volto logo a ser

Chorar (chorar)
Sofrer (sofrer)
Não vai me levar a lugar nenhum
Se a vida eu levo a cantar
E o canto me faz renascer
Renasço no samba
Que pra mim é um lugar comum
Graças a Deus

* Samba que nasceu pronto após ter me acordado com a sugestão do primeiro verso do refrão. Dormi logo após reassistir o filme "O mistério do samba - Velha guarda da Portela".
Como forma de acalanto às minhas tristes e constantes reflexões sobre problemas de saúde de pessoas muito queridas. Graças a Deus!

domingo, 9 de agosto de 2015

No fundo...

No fundo do oceano da nossa existência
Há algo que nos impulsiona
E algo que nos detém
O primeiro nos preserva a consciência
O segundo faz surtar, quando convém
E é quase sempre o caso

Na iminência de entregar o jogo ao carrasco
Àquele que nos fura o casco
Tal como o do navio que naufragou
O desafio é
Neste ambiente sombrio
Manter a mente acesa
E o coração bem quente
Exprimir, aos poucos, o espremido ar viciado
Contido em pulmões que, nada plenos
Penam e nos condenam
Ao cansaço e ao risco de sucumbir

Resistamos
Pois que, no alto, sempre
Acima da distante superfície
Há toda a razão de se viver contente
Há tudo o que nos motiva
E ainda que pareça muito longe
Faz-se valer a viagem errante
Então faça por onde
Alcançar a ponte
Que liga o ser vivo
Ao existir
Na gente

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Um ano sem você

Um ano sem você
Achei que seria
Uma eternidade
Mas pra minha sorte
Existe em mim
A fibra
A força
Da mulher
Que vibra
De onde quer...
Que esteja
Enseja
Minha felicidade

Saudade
É apenas o nome
Que dão à sensação
De não tê-la
Mas falsa ela se faz
Quando
Cada dia mais
Presente
Te sinto
E assim
Desbanco
A tristeza
E danço
Uma valsa
Com ela

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Daquilo que somos

Daquilo que somos
O que realmente interessa
É o que se é para o outro
Nossa existência só presta
Se faz sentido pra alguém

Ninguém é o que pensa
Ninguém é o que quer, apenas
Ninguém sequer é
Se na ânsia de ser
Se esquece
De quem o quer bem
De quem ao seu coração aquece

Esse dom de existir
Na vida de outro alguém
De verdade
É o que faz
Com que nossa existência
Se perpetue no outro

E isso não há ciência
Que comprove ou que conteste
Pois sua evidência noutra vida
É algo que ninguém apaga
É algo que ninguém repete

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Dessa viagem sem fim


Dessa viagem sem fim
Trago a esperança acesa
De que mais uma vez
Vire-se, assim, a mesa
E faça-se atroz, a presa
Algoz, como uma dia se fez

Trago a vontade
De que seja feita a nossa
E que, ainda que com a sua novidade
Ela seja respeitada
Afinal...
De que vale?
Se ela não se fizer valer?

Que a jornada seja prolongada
Por idas e voltas
Mas que não sejam em vão
Pois senão
Fica difícil alçar vôo
Se a águia
Descrente e cansada
Põe sua ninhada em solidão

Que a ambição faça sina
Até onde culmina
A vontade de vencer
Ainda que sem passar por cima
De ninguém
Pois que é dever
Dos homens do bem
Passá-lo adiante
Sem olhar a quem


* Sobre a ocasião da composição do samba-enredo pra Portela, cujo enredo era "Uma viagem sem fim". Divagações sobre conversas e conclusões compartilhadas no dia da gravação com os mestres Zezé do Pandeiro e Edynel.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Pátria mãe omissa

Transfira
A responsabilidade
Pra sociedade
Poupe-se da sua função
Óh grande mãe
Que o filho põe na rua
Ao relento
Ao desmando do patrão
Sem dar-lhe a sustentação
O pão
Ético e moral
De cada dia
De quando nascera
A quando ainda que tarde
Ele aprenderia
E lhe garanto:
Assim não aprenderá
Só causará espanto
Se é que é possível mais
Àqueles que o condenaram
E aos que, como eu
Apenas lamentaram
E não adianta
Óh mãe gentil
Levar-lhe cigarros
Na cadeia
Ou conseguir-lhe
Licença pra ceia
Quando o que lhe rodeia
É muito mais que a fome da carne
É a fome do cerne
A fome do certo
A fome de quem nunca viu
De perto
O exemplo do bem
Ou que se não o segue
Porque lhe convém
Aprendeu assim
Com algum outro alguém
Que certamente
Por mais uma falta sua
Óh mãe
Estava ali quando não devia
Esse sim ao camburão cabia
Mas é demais pra você
Criar seus filhos com dignidade
Assim como fazem
Milhares de Marias
É demais pra grande mãe
Porque de tão grande
Se perdeu
Ruiu
E esse povo
Que no peito batia
Hoje
Às vezes
Tem vergonha
De dizer
Brasil

terça-feira, 2 de junho de 2015

Débora

Débora:
A minha musa
Música...
Pros meus ouvidos...
Vívidos
Por ti mais vivos
Sândalo
E ensandecido...
Sigo-te...
Pelo caminho
Ávido...
De que haja sempre margem...
Para amá-la

Grávido...
Do seu mais grave amor
Púlpito...
És tu o meu altar
Súbito...
Sempre seja o querer, e quero...
Súdito...
Dos mais fiéis lhe ser
Íntegro...
Por todo o caminhar
Ímpeto?
Só o de lhe preservar

Quero-te...
Como o que eu mais quis
Última...
E derradeira flor
Árvore...
Dos meus melhores frutos
Digo-te:
Contigo vou viver
Décadas...
E milênios, se der
Êxito...
Contigo é certo, pois...
Única...
És a melhor mulher!