segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Dessa viagem sem fim


Dessa viagem sem fim
Trago a esperança acesa
De que mais uma vez
Vire-se, assim, a mesa
E faça-se atroz, a presa
Algoz, como uma dia se fez

Trago a vontade
De que seja feita a nossa
E que, ainda que com a sua novidade
Ela seja respeitada
Afinal...
De que vale?
Se ela não se fizer valer?

Que a jornada seja prolongada
Por idas e voltas
Mas que não sejam em vão
Pois senão
Fica difícil alçar vôo
Se a águia
Descrente e cansada
Põe sua ninhada em solidão

Que a ambição faça sina
Até onde culmina
A vontade de vencer
Ainda que sem passar por cima
De ninguém
Pois que é dever
Dos homens do bem
Passá-lo adiante
Sem olhar a quem


* Sobre a ocasião da composição do samba-enredo pra Portela, cujo enredo era "Uma viagem sem fim". Divagações sobre conversas e conclusões compartilhadas no dia da gravação com os mestres Zezé do Pandeiro e Edynel.

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